Desafio da moda plus size – A moda de aceitar seu corpo
Recentemente, participei de um bate papo muito interessante que foi realizado em Belo Horizonte o “Desafio da Moda Plus Size”, que apesar de ter uma temática voltada mais para a indústria de vestuário, tratou de assuntos muito interessantes, principalmente em relação à autoestima desse público.
O evento foi uma iniciativa da Samara Valamiel, responsável pela Plus Talks e reuniu uma turma de super poderosas. Além da minha participação, estiveram neste bate papo também a Alice Correa, diretora de marketing Márcia Morais, a Ana Luiza Palhares, do canal Cinderela de Mentira, a Carol Cyrne, autora do blog Garotas FDP, a nutricionista com foco em comportamento Lydiane Bragunci e autora do blog BH Dicas, Virgíia Sasdelli. Durante esse encontro maravilhoso, discutimos assuntos como o mercado da moda plus size, gordofobia, aceitação e emponderamento, distúrbios alimentares, sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes, além de falarmos muito sobre o comportamento de pessoas que precisam se encaixar desde pequenos.
As crianças se desenvolvem emocionalmente a partir da percepção que tem de si e do “reforço” que recebem do ambiente. Viver em um mundo que entende determinados padrões como certo ou errado gera efeitos avassaladores.
Como elas não preenchem o “tal” padrão, passam a acreditar que são incapazes, inadequadas ou “defeituosas”. Muitas, por acharem que são inferiores aos demais, sentem-se tristes ou raivosas e criam estratégias para se proteger. Tendem a se expor menos, reprimir-se, além de fazer tudo para agradar o outro e ser aceito. Podem apresentar dificuldades de falar o que pensam ou fazer o que desejam, pois não se acham merecedoras. Alguns agridem, como forma de proteção. Imaginem o adulto que se forma a partir dessas crenças.
Essas crianças começam a viver uma luta diária, constante… Luta para quê mesmo? Simplesmente para ser. Ser quem se é.
É necessário refletir sobre as crenças tão arraigadas que incentivam a permanência de determinados comportamentos, mesmo diante de evidências que as contradizem.
Como tratamos a obesidade atualmente?
Quando falamos no aspecto psicológico, a obesidade geralmente é tratada como uma patologia, por conta dos distúrbios alimentares, como a compulsão alimentar. No entanto, há outro aspecto muito importante que devemos trabalhar: a autoestima das pessoas.
Muitas vezes, as pessoas que estão acima do peso passam por um histórico de vida que contribuem para diminuir sua autoestima. Seja algum trauma de infância, dificuldades para comprar determinada roupa que gostaria ou até mesmo problemas de relacionamento vinculados ao seu tamanho. Tudo isso pode provocar traumas. Caso esses abalos não sejam tratados e analisados da forma adequada, podem ocasionar problemas psicológicos como transtornos de ansiedade e até depressão.
Por mais que sejam por questões mercadológicas, a realidade do mercado de roupas para este público mudou. Com isso, mais que vestir pessoas que estão no tamanho acima do padrão, a indústria está produzindo e vendendo autoestima para aquelas pessoas que custavam a encontrar algo para vestir e se sentir bem.
A origem de tudo:
O termo plus size (tamanho maior, em tradução livre) apareceu pela primeira vez na década de 1920. A marca americana Lane Bryant usou a expressão para fazer referência as roupas apenas das gestantes. Já em 1953, ela ganhou um novo sentido, graças a extinta marca Korrel, que começou a usá-lo para definir as roupas destinadas às mulheres maiores.
Nesta mesma época, muitas marcas famosas temiam que suas clientes rejeitassem as roupas de tamanho grande nas suas lojas. Elas chegaram ao mercado definitivamente na década de 1980, impulsionadas pela marca italiana Marina Rinaldi, que tornou as peças plus size um grande nicho de mercado, principalmente nos Estados Unidos.
Atualmente, esse nicho de mercado é enorme e conta com modelos que são verdadeiras musas inspiradoras, como Asheley Graham, a principal modelo plus atualmente, e Flúvia Lacerda, a brasileira é considerada a Gisele Bündchen deste mercado.
Emagrecer ou não emagrecer? Eis a questão:
A decisão de emagrecer ou não deve partir primeiro de você. Antes de tudo, é fundamental avaliar sua saúde, tanto física, quanto psíquica. Se o excesso de peso está prejudicando seu físico, procure um médico. Se sua autoestima também está afetada, é hora de pedir ajuda.
Não somos apenas um corpo, amor próprio envolve muito mais coisas, que são construídas ao longo do tempo. Não se trata de fazer apologia à obesidade, é saber se amar do jeito que você é.
Lembre-se que autoestima não significa ser amar, se sentir maravilhosa o tempo inteiro, mas sim ter respeito pelo que você é e se tratar com mais carinho.